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Carnaval em São João da Barra

  • Foto do escritor: Guia Sanjoanense
    Guia Sanjoanense
  • 28 de fev.
  • 8 min de leitura

Considerado o melhor Carnaval do interior do Estado do Rio de Janeiro, no período de folia o município de São João da Barra atrai grande público por sua qualidade de espetáculos e com uma vasta programação que começa com a eleição do Rei Momo, da Rainha e da Musa do Carnaval.


Após a entrega da chave do município pelo Poder Executivo em ato oficial ao imperioso Rei Momo, os painéis carnavalescos são acessos na Avenida Joaquim Thomás de Aquino Filho, que passa a ser conhecida carinhosamente como a “Avenida do Samba”, na presença de milhares de foliões.

Nesta enfeitada avenida acontecem o luxo, glamour e ousadia dos desfiles de agremiações carnavalescas quase centenárias como os Congos e O Chinês. Há ainda o desfile da novata Agremiação Carnavalesca Vila Imperial, além do tradicionalíssimo Bloco Os Indianos.

São esses clubes os maiores responsáveis pela beleza coreográfica do Carnaval sanjoanense, em função da riqueza de suas luxuosas fantasiassambas-enredos criativos, materiais inovadores em seus grandiosos carros alegóricos, de seus passistas, bateristas, rainhas de baterias, porta-bandeiras, das beldades que os compõem e da animação de seus torcedores, alguns levados às raias da empolgação e da paixão. Não há julgamento oficial das escolas de samba. O resultado fica por conta dos comentários do povo e isso rende o ano todo! Assim é o Carnaval sanjoanense!

 E não para por aqui!

Há as matinês com bandinhas locais e regionais na sede e nos distritos. Na sede há os concursos de mascarados e dominós ao estilo dos carnavais de Veneza (Prêmio Dr. Ailton Damas) e também tem a passagem dos trios elétricos com os seus blocos de abadás customizados como a Jiripoca - o mais antigoDiga que ValeuAbalou, Tô ki TôKebretes e TilangosMello Folia, Amigos da BonitaAmigos da Elba, MulekadaPé D´ MolekeJovem FoliaTricolorKamalyãoVasco da Gama, rubro-negro, FlamengoBotafogo e tantos outros.

Circulam ainda pelas ruas da cidade as intrépidas Bandas Maluca e do Zé Pereira e também fazem a festa nos palcos oficiais as Bandinhas Pica PauSambeleza, Amédio Venâncio, São JoãoAmigos da FoliaSuave Veneno e 2001.

Um destaque à parte fica por conta da passagem do Bloco de mascarados “Você e conhece”, que sai da Praça São Pedro e percorre ruas da cidade até a Avenida do Samba, onde cada folião usa a fantasia que quiser. Vez ou outra, aparecem também na via momesca, se misturando ao bloco de mascarados, as hilárias críticas carnavalescas que relatam o cotidiano social de forma muito bem humorada.

Nos distritos, a alegria da folia também é contagiante. No Açu a apresentação do Bloco das Piranhas, arregimenta multidões em sua principal avenida. Na Avenida Liberdade,  em Grussaí, o Bloco Boneca do Valdir chega a ter em torno de 50 mil foliões e lá vai o trio elétrico conduzindo a massa. Do outro lado da lagoa, ainda em Grussaí, o Bloco do Boneco Batoré anima os praianos residentes e turistas. Já na quarta-feira de cinzas o Bloco Boi Ressaca consegue levar para a rua os que trabalharam durante o período de carnaval e não conseguiram aproveitar a folia.

E por falar em Boi Ressaca, o município sanjoanense tem também o resgate de mais esta tradição secular, os bois pintadinhos! Em Barcelos, os Blocos Boi Arrastão e Boi Tufão dão o tom de uma festa momesca bem de interior, com muito colorido nos trajes e nas encenações de seus mestres. Em Chapéu de Sol, o Bloco Boi Já Fui faz a alegria dos moradores e visitantes.

Em Atafona, o tradicional Bloco Borracha fraca exibe o seu boneco estilizado no famoso trevo do “Cuíca”, fazendo do local, um ponto de encontro para muita folia.

E a cada ano a decoração da famosa e concorrida Avenida Joaquim Thomás de Aquino Filho, a Avenida do Samba, recebe um tema específico para a decoração, uma tradição que vem sendo mantida há muitos anos.

Encerrando os dias de folia, procurando fazer o “enterro dos ossos”, acontece a realização do Encontro de Trios e Abadás, na sexta, sábado e domingo após a quarta-feira de cinzas.

O Carnaval sanjoanense é sem dúvidas a maior e mais freqüentada festa popular!!!

GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS DA VILA IMPERIAL

Fundada a 26 de abril de 2018, a escola surgiu no salão do Clube do Sanjoanense, a partir de componentes da escola de samba Unidos da Chatuba. Um dos intuitos era o de preencher o espaço da segunda-feira de carnaval, que surgiu após a Unidos da Chatuba, deixar de desfilar.

Eduardo Pereira, atual presidente da escola, Ricardo Pedro (vice-presidente) e alguns ritmistas são os fundadores da escola do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos da Vila Imperial .

O lema da escola se iguala ao da escola de samba carioca Salgueiro “Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente”. De acordo com Eduardo, a parte mais forte da escola é a sua bateria, "pois os seus ritmistas ensaiam o ano todo, e com isso conseguem um som de primeira qualidade".

A escola, novata entre as escolas de samba tradicionais, promove diversos eventos para conseguir recursos e também conta com a colaboração, através do livro de ouro, dos comerciantes locais e pessoas físicas. Atualmente é reconhecida de utilidade pública municipal .

BLOCO INDIANOS

O bloco “Os Indianos” é conhecido como uma agremiação carnavalesca que nunca fugiu às origens. Desde sua fundação até os dias de hoje, vem apresentando um crescimento dinâmico. Em 1930, o agente funerário Luiz Malvino e Geraldo “Toquinho”, criaram o bloco “Os Indianos”, como bloco de salão, que saiu de sua própria residência e fábrica de caixões da Rua do Rosário e brincavam nos salões de São João da Barra e Campos dos Goytacazes. Teve como seu auxiliar, o Sr. Pedrinho Balbular.

O bloco com o passar dos anos, deixando os salões, migrou para a as ruas e caindo no gosto do público folião, deixava todo mundo pintado de preto, com palhões na cabeça, na cintura, nas pernas e em toda parte. A música cantada e tocada pelos foliões era a marcha-rancho conhecida dos dias atuais: “Chefe Indiano não chora...”

O primeiro carro alegórico colocado pelos indianos  foi uma carroça de burro, toda enfeitada de palha, onde tinha como destaque uma rede atravessada com uma índia deitada. Esse bloco permaneceu até meados de 1958.

Por volta dos anos 70, os carnavalescos Geraldo Costa Moreira, Toninho Gaiato, Osmar Zaguine, Getúlio Alvarenga, Benedito Sampaio, Quinzote e muitos outros, reorganizaram os indianos, mas foi Luiz Malvino, o seu fundador e autor da música do bloco que tem a autoria da letra desconhecida.

Também houve remanescentes de Geraldo que foram: Osmar Moço, Nildo Penha, Marilton Pinheiro, Jorge Novas e João Emanuel.

Por volta dos anos 90, o bloco deixou de se apresentar por vários anos seguidos na avenida.

Já no final dos anos 90, para dar sequência ao trabalho do Bloco Os Indianos, o atual presidente, Quinzinho Moreira, com a colaboração de Orlando Gomes e outros, voltaram a colocar o bloco na avenida. As fantasias do Bloco Os Indianos são repletas de cocares com penas coloridas, saiotes, arcos, flechas e lanças. Seus componentes, em sua maioria homens, fazem danças tribais na avenida e simulações guerreiras com muitos gritos e gestos.

CONGOS

A história dos Congos (atual Grêmio Recreativo Escola de Samba Congos) começa em 1932, quando padeiros, amigos e conhecidos se reuniram na Padaria Luz, de propriedade do Sr. Eduardo Marcelino para tratarem sobre uma brincadeira de carnaval. Tendo à frente o José Gomes Teixeira (Tuiú), surgiu a ideia de escolherem um nome de um bloco que se chamaria “Não Me Deixe Sozinho”.

Muito animados com a ideia da brincadeira que estava ganhando adeptos, no dia seguinte, foram às outras padarias e convidaram alguns outros padeiros para participarem. No domingo de carnaval eles se reuniram, pintaram o corpo de preto, a boca de vermelho e os olhos de branco. No nariz e nas orelhas colocaram argolas. Nos braços e nas pernas usavam palhões.

Assim preparados, saíram dançando e cantando pelas ruas uma animada marchinha e em cada casa que paravam, saíam pintando os interessados. Assim foi com o Sr. Antônio Fernandes Gomes, depois com os irmãos Arlindo e Nhôzinho Fernandes, que se integraram ao grupo e foram em direção à rua São João. Zé Teixeira, Benedito Brutelo, Nonô Carcereiro e Zezinho Cardoso, rapazes mais novos, acompanhavam a brincadeira de perto.

Ao passar pela casa de Dona Quinhinha, mãe de Tuiú, esta rindo muito, exclamou:

- Vocês estão parecendo uns CONGOS!

Então, todos gostaram da sugestão e disseram:

-É isso mesmo, Dona Quinhinha! Está escolhido. O nome do bloco vai ser CONGOS!

Acompanharam Tuiú na criação do Bloco CONGOS vários de seus amigos, como Manuel de Souza Pinto (Perna), João Baptista Valiengo, Manoel Januário de Assis, Dimas Manoel Peixoto, Manoel Barreto (autor da marcha-rancho “Gargalhada”), Manoel Alves de Azevedo (Minzinho), Roger de Souza Malhardes, Lauro Nunes (Pombo), Joaquim Barboza, Domingos Bacalhau (o primeiro porta-estandarte), Ataliba Mello, Nié, Salvador, Geraldo Paes (o primeiro baliza), Celso Pirralho, Zé Lalaia, João Caboclo, Zacarias Gregório e outros mais.

Já como Clube Congos, o primeiro presidente foi o Sr. Dimas Manoel Peixoto, conhecido como Peixotinho. A renda do clube era dos próprios membros que saíam no bloco e do que se apurava no “livro de Ouro”. Outras rendas eram provenientes dos bolsos dos seus diretores, onde vinha o dinheiro para as fantasias e para os carros alegóricos, sempre desfilando ao ritmo da marcha-rancho.

É de 1978 que os Congos aderem ao samba e desfila com o seu incontestável brilho, hoje considerado Grêmio Recreativo Escola de Samba Congos.

CHINÊS

Data de 1933 a criação do Bloco O Chinês. Sua fundação é obra do Sr. Joaquim dos Santos Ramos (Quincas de Biza), que teve a participação de amigos como João Camilo, Coriolano Henriques da Silva, Manoel Vital, Antonio Marques dos Santos, Agapito Ferreira Maia e outros.

Quando desfilou pelas ruas da cidade, sua primeira indumentária fazia alusão à forma como os chineses camponeses antigos e mais humildes das aldeias se trajavam. Para a época os simples casacos longos, as calças compridas em verde bandeira e os chapéus em forma de cone ou capuz aberto, empunhando sombrinhas e leques, formavam a fantasia bem estilizada.

Não se tinham tantos brilhos naquela época, pois o material era quase escasso. Não era considerado um bloco de “Sujos”, pois aparentava ser um bloco mais estilizado devido à qualidade de suas fantasias.

Eram embalados pelas músicas marcha-rancho da época e posteriormente dariam início às composições musicais próprias.

Nos anos iniciais de sua existência não era permitida a participação de mulheres e os homens faziam os papeis que futuramente seriam desempenhados por elas, diz-se aqui, como exemplo, de porta estandarte. As mulheres iniciaram a sua participação nos desfiles nos anos de 1964 a 1965. Data em que também marca a mudança de indumentária do bloco. A partir de então começa a desfilar com fantasias menos tradicionais. Deixam, então, a velha caricatura ou arremedo de chinês para trás.

Anos mais tarde o estilo musical também sofreria inovação deixando as marchas-rancho para trás e aderindo ao samba-enredo.

Em 1976 o compositor sanjoanense, Eleacyr Cajueiro, apresentou o primeiro samba das agremiações da cidade. Intitulado “Jogue uma rosa!” o samba foi o responsável pela mudança de tradições, de antigos paradigmas e da instalação de outras inovações artísticas.

O antigo bloco se intitula atualmente como Clube Cultural, Social e Carnavalesco O Chinês e no carnaval é chamado de Grêmio Recreativo Escola de Samba Chinês.

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